27 setembro, 2007

luto de papel

Hoje fiquei entristecido com o cruel destino que vou dar a 4 anos de revistas da "de Architect". São todos os exemplares desde 2000 a 2003 de uma publicação referência na Holanda sobre arquitectura...pois bem, vão todos parar ao papelão (sim, porque temos que fazer reciclagem)! Passo a explicar um colega do atelier esteve a fazer limpezas em casa, e fez circular um email onde oferecia as revistas a quem quisesse, caso contrário iam parar ao lixo. A ideia de desperdiçar cultura sempre me revoltou, principalmente livros, pois acho k são um património demasiado valioso, eventualmente no meu imaginário ainda viva a paixão de sentir o toque e a textura do papel enquanto desfolhei-o um livro, ou uma revista. Assim, lá fui eu, peguei em 3 caixotes e lá os trouxe para casa. Á media que fui indo a Portugal levava sempre comigo os exemplares mais recentes, e deste modo consegui despachar lá para casa os anos de 2004 e 2005...o que deixou a minha mãe deveras radiante com esta nova quantidade de livrinhos que enchem o meu quarto!
Mas o fim aproxima-se e não posso mais ser o guardião desta sabedoria temporal, tinha que arranjar uma nova solução para as restantes revistas. Tentei procurar sítios onde os quisessem adoptar, primeiro sítio do qual nos lembramos: uma biblioteca! Lá fui eu nesta alegre manha, até sol fazia como sinal da minha boa acção do dia, e a senhora da biblioteca gentilmente me explicou que não poderiam aceitar pois ia constituir um grande incómodo para os leitores pois só poderiam ler esses 4 anos da revista, ou seja, habituariam-se à publicação mas depois não poderiam consultar os restantes números da mesma, e como financeiramente a biblioteca não poderia comprar os restantes exemplares isso iria desfraldar as expectativas dos leitores. Mas isso faz sentido a alguém??! A mim não faz! Eu ainda tentei abalar a senhora quando lhe lembrei que de outro modo as revistas iriam para ao papelão (reciclagem meus amigos :) reciclar! )…ela sorriu...pois assim será! Este povo prefere não guardar um pedaço da sua história a poder ficar desapontado por não ler o resto. Imagino que este pessoal jamais porá a hipótese de ver uma sequela no cinema sem antes ter visto todos os filmes anteriores. Imagino o pânico colectivo quando o George Lucas lhes disse k tinha mais 3 episódios guardados do Star Wars, todos eles anteriores aos já exibidos!
Enfim...estou de luto!

09 setembro, 2007

When Art meets Work

Recordando o post que fiz à uns tempos, o qual inquietou algumas pessoas quanto à minha saúde mental, aqui ficam alguns dos trabalhos de Zaha Hadid, que penso serem pertinentes para a temática abordada anteriormente.

Siedlung Park

As características que tornam este conjunto habitacional objecto de referência neste blog estão relacionadas com premissas que no meu entender são marcadamente mediterrâneas, o carácter compacto do seu conjunto, os seus ritmos, a cor (gesto que tende a cair no esquecimento, continuando remanescente na arquitectura popular portuguesa), as ruas compactas e a relação dos vãos com os diferentes espaços públicos, assim como a diferente diversidade tipológica com o recurso aos pátios como forma eficaz de captar a luz.
Talvez a questão da pertinência geográfica se coloque, mas quando visitarem este projecto em pleno Verão, provavelmente esquecerão que estão num pais do bloco central da Europa… afinal as mudanças climáticas são uma realidade. Além de mais, a globalização dos costumes e das vivências torna a importação de modelos um factor de transversalidade da arquitectura.
Localizado dentro de uma nova área de expansão da cidade de Viena, o Siedlung Park é da autoria do atelier vienense Schwalm-Theiss & Gressenbauer, projecto concluído em 2006.
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07 setembro, 2007

Hassan Fathy

A descoberta casual... embora que terá de casual quando nos rodeamos de amigos com interesses similares aos nossos. Num livro indicado encontrei num outro canto do Mundo, numa outra cultura, numa outra relegião, os mesmos principios que pretendo absorver na minha prática: a poética dos volumes, da Luz, do espaço, do jogo entre os cheios e os vazios, a sua adequação eficiente à realidade a quem o projecto se destina, um carácter social e voluntarioso de projectar.


Hassan Fathy é esse homem, primeiro, e depois o arquitecto.


As imagens penso que falam por si.


"Fathy devoted himself to housing the poor in developing nations and deserves study by anyone involved in rural improvement. Fathy worked to create an indigenous environment at a minimal cost, and in so doing to improve the economy and the standard of living in rural areas. Fathy utilized ancient design methods and materials. He integrated a knowledge of the rural Egyptian economic situation with a wide knowledge of ancient architectural and town design techniques. He trained local inhabitants to make their own materials and build their own buildings. Climatic conditions, public health considerations, and ancient craft skills also affected his design decisions. Based on the structural massing of ancient buildings, Fathy incorporated dense brick walls and traditional courtyard forms to provide passive cooling."
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Breaking point

Os ventos que se aproximam são de mudança.
Depois de umas férias, climáticamente atípicas, mas em todos os outros sentidos repletas de experiências positivas, o blog retoma ao seu registo habitual, no entanto com o futuro incerto. O ark G continua em tournée, e depois da Holanda, ninguém ao certo saberá o que o Mundo nos reserva. As próximas semanas serão esclarecedoras, as malas para fazer de regresso a PT deixam margem para pensar e repensar prioridades e refelctir não só na vida pessoal de cada um de nós mas também sobre um precurso de vida que se pretende seja ligado à Arquitectura.
Será a necessidade de viajar fundamental para a construção de um pensamento e destreza mental mais aptos para a compreensão da arquitectura? Ou ao invés, aceitar a nossa tradição cultural e local, suficiente para uma boa prática de Arquitectura...
O próximo post está relacionado com o respeito que nutro por quem se dedica a esta última vertente...quicá também, seja aquilo que procuro.